quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Quando ocorrem as estações do ano?

Uma das perguntas mais frequentes diz respeito às razões da diferenciação das estações do ano de Hemisfério para Hemisfério (Norte/Sul). A resposta é simples, o Plano Equatorial tem uma inclinação de aproximadamente 66°33" para leste em relação ao Plano da Elíptica, resultando em uma iluminação diferenciada nas partes do planeta ao longo do ano.
Outro detalhe importante é a existência de um fenômeno específico que marca o início de cada estação, o solstício (verão/inverno) e o equinócio (primavera/outono). Vide www.brasilescola.com/geografia/movimento-translacao.htm
Algumas vezes surge outra questão, por que o inverno no hemisfério norte é mais frio do que aqui no Brasil, por exemplo? Ora, temos pelo menos dois fatores que atuam diretamente neste caso, primeiro, os continentes do hemisfério norte estão localizados na zona temperada (entre o trópico de câncer e o círculo polar ártico), tal fato faz com que a radiação solar seja diminuída. O segundo aspecto é fator continentalidade, o hemisfério norte é também conhecido como o “hemisfério continental” por apresentar uma concentração maior de terras emersas do que o sul. Tendo em vista que as porções de terra têm ampla capacidade de reter calor e perdê-lo também, no período do inverno devido à menor incidência solar a temperatura baixa com grande intensidade.

Que tal exercitarmos um pouco? Façamos a questão abaixo:

(UECE) Observe a figura abaixo e assinale a alternativa correta.

a) a Zona Temperada do Norte pode ser melhor caracterizada, porque é constituída, em sua maior parte, de terras emersas, enquanto, no sul, as terras emersas ocorrem apenas no extremo sul da África, parte da América do Sul e Oceania.
b) a Zona Temperada Norte está situada entre o trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Ártico, onde o clima temperado é caracterizado pela forte ocorrência de neve no inverno.
c) o clima Temperado Continental, entre as latitudes de 45° e 55°, aproximadamente, possui verões moderadamente quentes e os invernos são amenizados pelas correntes marítimas.
d) a vegetação predominante nos domínios do clima Temperado são os campos e as florestas  intertropicais que, no inverno, costumam ficar cobertas pela neve.
e) as Zonas Temperadas da Terra possuem a vegetação original bastante preservada, tendo em vista a fraca ocupação humana nessas áreas em virtude dos rigores do clima.

domingo, 18 de dezembro de 2011

SE LIGA NA DICA!

             Para todos que vão prestar vestibular ainda este ano é bom ficar ligado em um tema muito importante, as tragédias naturais. No início de 2011 o mundo ficou perplexo com a intensidade e os impactos de uma Tsunami que atingiu o Japão.   
            A Tsunami é um fenômeno secundário causado por ações tectônicas (Terremoto ou Maremoto). No evento em questão, o choque entre as placas tectônicas Euroasiática e Pacífica (vide figura abaixo) provocou concentração de energia dissipativa no fundo oceânico (Hipocentro) refletindo na superfície (Epicentro), como consequência principal a formação de uma poderosa e distruidora onda. A onda gigante ele em geral se dirige com grande velocidade em direção à costa, porém ao se aproximar e encontrar a Plataforma Continetal perde velocidade e ganha em altura potencializando suas consequências ao atingir áreas ocupadas por cidades e grandes aglomerações populacionais.

            O movimento  das placas tectônicas não têm apenas potencial destrutivo, ao contrário, seu principal papel é construtor. Não podemos esquecer da separação dos continentes e da formação das grandes cadeias montanhosas (formadas em geral por dobramento) tais como: Himalaia, Alpes Suíços e Andes.

Tomando como base tais informações vamos analisar uma questão de vestibular?

(UFRGS) A figura a seguir representa processos associados à tectônica de placas

Identifique os processos destacados pelas letras A, B e C, respectivamente.

a) orogenia – subducção – movimentos convectivos 
b) orogenia – erosão – subducção 
c) dobramentos modernos – orogenia – movimentos convectivos 
d) erosão – subducção – dobramentos modernos 
e) dobramentos modernos – erosão – subducção 

 Resposta comentada: a)
Como falamos no texto acima os movimentos tectônicos podem formar relevos, ou seja, têm capacidade orogenética. A figura mostra uma formação em dobra. O processo destacado pela letra B na figura é a zona de subducção, área onde ocorre o mergulho da placa tectônica no magma e sua consequente reabsorção permitindo o deslocamento da Placa. O destaque C representa os movimentos convectivos ou correntes de convecção. As correntes de convecção são forças térmicas endógenas provocadas pela alta temperatura do Manto Superior.
  

sábado, 17 de dezembro de 2011

As chuvas chegam e as tragédias são anunciadas

Já estamos nos acostumando com um fato extremamente desagradável, as tragédias provocadas pela chuva. O verão se aproxima e em algumas regiões isso representa momentos de chuva com grande intensidade das chuvas. Mas uma pergunta fica no ar. Será que as chuvas são realmente vilãs desses episódios. Alguns estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina ano após ano são vítimas de tragédias resultantes? A resposta é simples, não! Em geral, os problemas recorrentes aos quais nos referimos são caudados por ações antrópicas, muitas vezes fruto da desinformação, da necessidade ou da falta de educação.
            As enchentes nas áreas urbanas são ocasionadas por fatores combinados a impermeabilização do solo, diminuição das áreas verdes, não planejamento e lixo. Os lixos que as pessoas jogam nas ruas diariamente entopem os bueiros e dificultam escoamento (já tão prejudicado pelos outros fatores citados) de água. As ocupações de áreas próximas as encostas e morros são fatores de alto risco e probabilidade de eventos de grande magnitude.



Ocupação de encosta com elevado risco de escorregamento (Foto: Everton Lima)

           
             Esta semana algumas cidades importantes do Brasil foram afetadas, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Ouro Preto. Não podemos esquecer-nos das tragédias que marcaram o início de 2011. Só no Rio de Janeiro foram mais de 400 mortos, além dos enormes prejuízos materiais.


Petrópolis - RJ em Janeiro de 2011 (foto extraída do site UOL)


            Fica o alerta para todos. As chuvas estão chegando e é preciso se precaver. Quem mora em área considerada de risco deve abandonar sua casa ao menor sinal de rachaduras ou escorregamento de material (lama, rochas entre outros) oriundo das encostas.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Geografia e poesia

O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira. Rio, 27 de dezembro de 1947


O texto de Manuel Bandeira é uma descrição fiel e dolorosa da estrutura social existente em diveras localidades do Globo. Infelizmente, tal imagem pode ser percebida com grande ênfase em nosso País todos os dias, nas ruas, becos, favelas, lixões, mercados, feiras, em qualquer espaço público. Nesses espaços os mendigos, os maradores de rua e outras personalidades invisíveis de nosso cotidiano reviram vorazmente as lixeiras da vida em busca de sobrevivência. Não seria uma lixeira a esquina da prostituição? Não seria uma imunda e fétida lixeira um sinal repleto de crianças desamparadas vedendo bugigangas e perdendo suas infâncias? O lixo e tudo que lá está é desprezado, assim como todos que dali sobrevivem são despresíveis aos nossos olhos cegos.


Uma bela sugestão de filme é o documentário Estamira, conta a história de uma senhora que nasceu e se criou dentro de um lixão.

A questão da moradia: uma análise do espaço urbano de Ilhéus

A questão da moradia: uma análise do espaço urbano de Ilhéus

Ao analisarmos o espaço urbano da cidade de Ilhéus conjuntamente com alguns conceitos inerentes a discussão urbana brasileira, tais como, segregação residencial, especulação imobiliária, vazios urbanos, favelização, reforma urbana entre outros, atentamos para a questão comum as cidades brasileiras, a justiça social.
            Sabemos que o espaço urbano representa para sociedade brasileira o principal lócus das atividades e relações sociais, desta forma, observando a paisagem ilheense verificamos a materialização de tais relações marcadas por diversas contradições. Tomaremos como base para nossa discussão a questão da moradia, indiscutivelmente grande gargalo da sociedade brasileira.
            A luta pelo direito a moradia leva inúmeras famílias a buscarem alternativas que supram tal necessidade, para tanto, fazem uso de mecanismos considerados por muitos ilegais, a ocupação de áreas públicas e privadas.
 Predominantemente as ocupações ocorrem em áreas públicas, muitas vezes consideradas de risco e/ou de preservação ambiental, destacamos duas situações, a ocupação de morros e encostas classificadas em geral como áreas de risco, e as áreas de preservação ambiental, os manguezais, por exemplo. Nas duas situações os moradores dessas áreas submetem-se aos riscos em nome da própria sobrevivência, representada pelo seu local de morada.

Ocuapação de morro em encosta nas proximidades da Avenida Itabuna (Foto: Everton Lima)


O urbano representado pela cidade capitalista constitui o espaço onde se dá a dinâmica produzida pelo confronto dos sujeitos sociais considerados, sendo a cidade percebida como um processo de lutas e conquistas. Enquanto produto de construção histórica que assume feições peculiares em cada fase do desenvolvimento capitalista, o urbano se coloca como uma problemática concreta e determinada, por se constituir instancia de reprodução do capital e de reprodução das classes sociais, sendo que a lógica de sua construção histórica se responsabiliza por criar uma realidade contraditória (...). (SILVA 1989, p.10)
              
            Um rápido recorte histórico da cidade Ilhéus nos remete a algumas explicações, no que se refere às desigualdades sociais. O município cresce a partir da monocultura cacaueira, caracterizada pela existência de latifúndios controlados pelas oligarquias. Durante esse contexto o poder político e econômico esteve cativo nas mãos de uma pequena parcela da sociedade, gerando assim uma elevada concentração de renda e, sobretudo, uma gritante disparidade social.
            Com a crise econômica do cacau a cidade Ilhéus, assim como outras cidades da chamada Costa do Cacau, passou a ser alternativa de sobrevivência para um contingente de pobres e desempregados varridos das lavouras pela Vassoura de Bruxa.
             Durante a decadência da produção cacaueira, recebeu um grande contingente de pessoas oriundas das plantações em busca de alternativas de emprego e renda (na maioria das vezes não encontradas), como foi dito anteriormente, fato este que ajudou a aumentar o crescimento desordenado da cidade. 
            O grande imbróglio está no seguinte ponto, para morar é preciso pagar, os que não podem pagar por um pedaço de chão no espaço urbano habitável, encontrarão alternativa para solucionar seu problema em locais aonde a especulação imobiliária não chegou ou simplesmente não se interessa.  Lembremos que a terra é o grande ponto de disputa entre os que possuem e os que não as têm, ou melhor, não podem pagar para tê-las. ”A questão fundiária, cujo enfrentamento foi adiado sine die, no campo, ressurge sob novo formato no universo urbano”. (MARICATO, 1996, p.2)
            Os locais alternativos de moradia geralmente apresentam uma série de problemas considerados graves, não só do ponto de vista social, mas, também, do ponto vista ambiental. Socialmente a ocupação de determinadas áreas são caracterizadas pela ilegalidade. Os moradores das favelas, vilas e acampamentos não possuem o título de propriedade da terra, elemento que garante a legalidade jurídica da moradia.


A invasão de terras é parte integrante do processo de urbanização no país. Gilberto Freire se refere a ela como prática de 100 anos atrás. A novidade recente, que vem dos anos 80, é que as invasões começam a se transformar: de ocupações gradativas, resultado de ações individuais familiares, para ganhar um sentido massivo e organizado, a partir da crise econômica que se inicia em 1979. Várias cidades brasileiras apresentam, a partir dessa data a ocorrência de ocupações coletivas e organizadas de terra, mais raras nas décadas anteriores. Isto não significa que as ocupações gradativas e espontâneas deixaram de existir. Ao contrário, continuaram a se fazer e a constituir a maior causa da origem da formação de favelas, mas o fato é que passaram, a partir dessa data, a conviver com a nova prática citada. (MARICATO, 2000, p. 1-2)
             
Genericamente as áreas de ocupação em sua grande maioria são consideradas públicas, tais como: os morros, encostas, margens de rios, mangues e outros locais. Estes também de grande insalubridade, porém, majoritariamente “escolhidos” pela população carente em busca da moradia.
            Quem começa sua viagem, partindo da cidade de Ilhéus em direção a vizinha cidade de Itabuna, (mais precisamente a partir do km1 da rodovia Ilhéus – Itabuna) confirmará as palavras do parágrafo anterior. Ao olhar para o lado esquerdo, será possível observar um conjunto de habitações (barracos) construídas de forma improvisada, com madeira, latão e plástico, chamada pelos moradores de Vila Bambuzal.

BR 415 - Km 1 margeada por ocupação irregular de habitações subnormais (Foto: Everton Lima)

            A ocupação da margem da rodovia Ilhéus – Itabuna e de parte do Manguezal pela população residente da Vila Bambuzal, representa uma nova configuração de uso do solo. A construção das moradias (barracos) representa também a disseminação de objetos materiais. O segundo elemento caracterizador do território seria o aspecto simbólico, neste caso, “o homem não pode transformar fisicamente um espaço sem carregá-lo de símbolos”. (GATTI apud MARCOS 2004). Os símbolos deixados como marcas territoriais são as próprias moradias.
            A presença das habitações subnormais pressiona algumas estruturas ambientalmente frágeis como afirma Souza (2003, p.84)

À pobreza urbana e à segregação residencial podem ser acrescentados outros problemas, não raro intimamente associados com elas duas. Um deles é a degradação ambiental, em relação à qual, aliás, se percebe, em cidades como as brasileiras, uma interação entre problemas sociais e impactos ambientais de tal maneira que vários problemas sociais e impactos ambientais, que irão causar tragédias sociais (como desmoronamentos e deslizamentos em encostas, enchentes e poluição atmosféricas), têm origem em problemas sociais ou são, pelo menos, agravados por eles. (SOUZA, 2003, p.84)




Construção de madeira, aterro e lixo em manguezal às margens da BR 415 (Foto: Everton Lima) 




                  Os impactos ambientais têm representam uma via de mão dupla, o próprio ser humano que ocupa e degrada (neste caso de maneira induzida), sofre as consequências diretamente. A ação do Estado é fundamental para solucionar tais problemas, desde que tragam reais melhorias das condições de sobrevivência dos indivíduos protagonistas da exclusão social e econômica.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Música e Geografia

           
   A dinâmica em sala de aula depende muito das estratégias adotadas pelos professores. Uma das mais releventas que conheço é a utilização de músicas como base para discussões de conteúdos. Hoje trabalho na área e lembro-me de algumas aulas que tive na época de estudante que foram marcantes, uma delas foi ministrada pelo professor Eronaldo quando cursava o 2º ano do ensino médio, nela o professor trouxe um aparelho de som e, pois para tocar uma das belas canções de Zé Geraldo interpretada por Zé Ramalho, Cidadão.
              A letra trata de um tema corriqueiro em nosso País, porém longe de ser normal, a exclusão social. Nela um pai que trabalha na construção civil mostra ao seu interlocutor todas as construções nas quais ele trabalhou duro como pedreiro, mas infelizmente sua posição social não permitira a ele e sua família o acesso. No trecho mais tocante sua filha pede para estudar em uma escola também construída com o esmero do personagem e, é duramente excluída com a seguinte frase: "Criança de pé no chão aqui não pode estudar!"
             No trecho seguinte outro tema pode ser abordado no contexto da aula, a migração. O trabalhador se questiona sobre sua saída da terra natal (Nordeste brasileiro) quando diz: "Lá a seca castigava mais o pouco que eu plantava tinha direito a comer".
             A música prossegue criando inúmeras possibilidades temáticas que podem servir de motivação para questionamentos e análises para os alunos. Pense nisso, sala de aula agradável é um ambiente criado com criatividade.
           
 Para conhecer a letra na íntegra acesse:
 http://letras.azmusica.com.br/Z/letras_ze_geraldo_47503/letras_otras_32400/letra_cidadao_970648.html

Cabaceiras: a terra do sol

                  O município de Cabaceiras na Paraíba tem ganhado destaque nacional e internacional por sua ascenção como locação de grandes produções audiovisuais como filmes (O Auto da Compadecida, O homem que desafiou o diabo, Deus e o Diabo na terra do sol), além de algumas cenas de novela. A escolha do lugar como set de filmagens não é por acaso, sua geografia privilegiada e clima com pouca chuva e muitas horas de Sol fazem de Cabaceiras a "Roliúde Nordestina" (apelido adquirido como alusão ao grande pólo cinematográfico norteamericano).


Logomarca do Museu Roliúde Nordestina que guarda lembranças das gravações importantes ocorridas no Município (Foto: Everton Lima)


                    Como falamos anteriormente a geografia do lugar é realmente exuberante, atraindo os olhares de turístas e pesquisadores. Para entendermos melhor as características naturais do lugar faremos algumas observações sobre formações geomorfológicas locais, visto que o Lajedo de Pai Mateus é o carro chefe de todo potencial turístico.


Lajedo de Pai Mateus - Cabaceiras-PB (Foto: Everton Lima)

          A paisagem do semi-árido nordestino é marcada por formações geomorfológicas muitos específicas. Essa característica se relaciona com  fatores importantes.
          Com estrutura formada por rochas antigas (Pré-Cambrianas) na região de planaltos, bacias sedimentares (depressões sertanejas), solos rasos, uma rede hidrográfica majoritariamente intermitente (rios que secam no período da estiagem) e clima com baixo índices pluviométricos, intensa radiação solar, ação da continentalidade e amplitude térmica elevada. O relevo ganhará formas únicas tais como: Lajedos, Matacões e Inselbergs.
           Os Lajedos são afloramentos rochosos originados de um processo erosivo de origem física. Dependendo do tipo de formação os lajedos podem ser formados por intrusões lacolíticas (como o da imagem acima) ou batolíticas.
            Os Matacões são macantes, esses blocos rochosos enormes têm a mesma gênese geológica porém sua escultura de acordo com os pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil Geysson de Almeida Lages e Marcos Antônio Leite do Nascimento tem origem " por diaclasamento do corpo granítico a exemplo do que ocorre em outra atração da área chamada Saca de Lã, esta constituída por empilhamento de blocos autóctones separados por juntas ortogonais. No encontro destas juntas, preferencialmente ocorre o ataque destes granitos isotrópicos: seja pela ação da termoclastia que devido a grande amplitude térmica, gera lascas curvas caso, o clima semi-árido já vigorasse àquela época; ou pelo intemperismo químico causando esfoliação esferoidal. Fato é que ainda ocorrem algumas espécies vegetais endêmicas de mata atlântica vagueando por meio das caatingas arbustivas sugerindo ambiente mais úmido após a exumação destes corpos. O produto final são os fantásticos campos de boulder sobre o lajedo existente na região. A termoclastia parece ser o mesmo processo que rompe alguns matacões de rocha sã ao meio", como podemos observar na imagem abaixo.



Matacão partido ao meio por processo de termoclástico (Foto: Everton Lima)
 
             Outra forma igualmente importante as citadas anteriormente são os Inselbergs ou Morros testemunhos. Este tipo de formação é resultado de um processo de aplainamento por ciclo erosivo que expõe uma parte do corpo rochoso primário (um batólito por exemplo). Vide imagem abaixo.




Morro Testemunho fotografado do alto do Lajedo de Pai Mateus (Foto: Everton Lima)


Deixo aqui uma contribuição para pesquisas e uma bela dica para quem gosta de apreciar um turísmo ecológico com belas paisagens naturais regado a muita cultura.
 

Cá entre nós

Cá entre nós
                Amado Jorge, se ele (Brasil) nasceu assim e cresceu assim, penso que permanecerá sempre assim. Assim como? Com uma estrutura fundiária concentrada e nas mãos de uma minoria apoiada pelo poder público e pelas leis. Desde 1850 com a Lei das Terras assistimos aos absurdos em torno da política agrária. Para nossa desagradável surpresa em pleno século XXI as medidas provisórias 422 (Lei 11.763 – 01/08/2006) e a 458 (Lei 11.952 – 25/06/2008) foram aprovadas, pasme, durante a vigência de um partido até então contrário à concentração de terras, materializando assim a legalização do ilegal. O “cativeiro” proferido por nosso amigo Zé de Souza Martins, portanto, é uma realidade dura e perversa ainda hoje.
                Dois aspectos dessa discussão não são, de certa forma, novidade para ninguém, mas gostaria de reforçar. Primeiro não existe interesse nacional efetivo pela Reforma Agrária, segundo, não acredito que essa luta esteja agonizando ou mesmo recebendo a extrema-unção, como afirmam alguns. Ela morreu! E em sua lápide repousa o seguinte epitáfio: “Aqui está sepultada uma luta que já nasceu morta e viveu Zumbi em tantos Palmares”.
Sua morte, reafirmo, foi declarada e/ou atestada contraditoriamente nos anos de maior esperança, quando os “companheiros” chegaram lá. Mas acho que eles esqueceram ou não sabiam a etimologia da palavra “companheiros” - aqueles que dividem ou repartem o pão.  Por falar em esperança, até quando seremos o país dela? Os números são frios e duros, deixando cair por terra as perspectivas daqueles que lutavam/torciam por uma política justa no campo. O Censo Agrário é revelador, apenas 2,36 % do total das terras são ocupadas por pequenas propriedades, enquanto os latifúndios ocupam 44,42 % delas. Quando Chico falou de Geni, a maldita, talvez não estivesse imaginando que em pouco tempo o maldito GINI (índice que serve para medir a situação e estrutura econômica) atiraria pedra na equidade fundiária. Se mantendo praticamente inalterado ao longo de 40 anos, pontuando tal como naqueles “tempos de cálice”, com 0,854 pontos quando o máximo é 1,0 ponto.
                Os versos de outro estimado Poeta representam bem os movimentos sociais dos camponeses, lutando, mais de que nunca, por uma ideologia para viver. Mas qual ideologia seguir? O modelo de Reforma Agrária atual é totalmente inviável, pois além de não garantir o acesso, não garante a permanência do trabalhador no campo e engana com números que não condizem com a realidade.
O professor Ariovaldo Umbelino (considerado o maior especialista de políticas agrárias do país) em diversos veículos da imprensa quando entrevistado refutou os dados apresentados pelo governo Lula, afirmando que o governo em oito anos assentou apenas 154 mil famílias, quando havia prometido assentar 1 milhão, para ele o governo petista inaugurou a CONTRARREFORMA AGRÁRIA. O professor faz outra afirmação contundente, ao colocar os movimentos com coadjuvantes em uma luta na qual sempre foram protagonistas, substituídos pelos posseiros (entenda grileiros) beneficiados diretamente com as leis citadas anteriormente.
A violência é a marca mais dolorosa, e grande entrave de toda caminhada em busca da Reforma Agrária. Os números aumentam numa velocidade espantosa revelando que em alguns períodos pós ditadura as mortes cresceram ao invés de regredirem (só entre 2000 e 2010 foram mais de 400 mortos). Segundo a Comissão Pastoral da Terra o número de mortos em conflito cresceu no ano passado (2010) em 30%. Os números dos conflitos em 2010 chegaram a 1.186 no Brasil, o Nordeste ficando em primeiro lugar com 440.
Antes que o ilustre Vandré diga que não falei das flores, deixo alguns nomes importantes dessa luta, João Pedro Teixeira, Chico Mendes, Irmã Dorothy, Maria Margarida Alves, e tantas outras figuras que preferiram “morrer na luta do que de fome”. Elis tinha razão, dói muito ao percebermos o quanto somos os mesmos, e seremos sempre assim. Não é Jorge?



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

E o Novo Código Florestal?

               Enquanto os brasileiros assistiam suas novelas, os Senadores aprovavam em Brasília o projeto substitutivo do Código Florestal. Por que isso causa tamanha polêmica? Pois bem, a resposta permeia por terrenos muito instáveis e milindrosos, mas vamos à ela! Sabemos que o agronegócio representa quase 50% das exportações brasileiras segundo dados Instituto Nacional de Pesquisas Aplicadas. Tal fato nos leva ao início dessa trama difícil de ser desmbaraçada.
               De um lado a bancada ruralista (apoiada e financiada pelos magnatas do campo), do outro a bancada "verde" que luta pelos interesses sociais e ambientais do País. Entre os dois lados um governo refém de acordos com grupos políticos e ecônomicos que ao longo do tempo esteve na contra-mão dos interesses públicos. O que fazer? Preservar ou produzir e gerar receitas? Gerar receitas, claro! A aprovação representa um retrocesso para as ideias de preservação ambiental discutidas no mundo todo, ela abre uma possibilidade maior de desmatamento de Áreas de Preservação Permanente (APP's), tais como as matas ciliares, estas terão sua área de preservação reduzida. Outro aspecto improvável, mas aprovado, é a política de reflorestamento com vegetação exótica e de fins comerciais. O eucalipto é um grande exemplo, sua exploração e cultivo promove um impacto de médio e longo prazo sobre o solo, os manancias de água subterrêneas e outros sistemas naturais.
               De acordo com imformações de orgãos não-governamentais como a FASE -orgão que atua na área de pesquisas sóciais e ambientais - só no norte do Espírito Santo mais de 130 córregos secaram, outros tantos rios apresentam características claras de assoreamento, além do fato de diminuição da fertilidade do solo e produtividade de culturas alimentícias. Com tantos aspectos negativos é um tanto quanto estranho acreditar que em um País que vende uma imagem de local com grandes riquezas naturais e preservadas, tal projeto seja aprovado na base do "acordão político".
             O que fará nossa chefe manterá sua palavra eleitoreira ou será apenas mais uma falácia? Esperemos para ver...

O nosso objetivo

A discussão geográfica é indiscutivelmente muito importante. Pensando nisso, estaremos aqui postando textos, imagens, vídeos e outras contribuições que possam ajudá-los na compreensão do espaço geográfico e todas as suas relações cotidianas que deixam marcas importantes ao longo do tempo.