quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Geografia e poesia

O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira. Rio, 27 de dezembro de 1947


O texto de Manuel Bandeira é uma descrição fiel e dolorosa da estrutura social existente em diveras localidades do Globo. Infelizmente, tal imagem pode ser percebida com grande ênfase em nosso País todos os dias, nas ruas, becos, favelas, lixões, mercados, feiras, em qualquer espaço público. Nesses espaços os mendigos, os maradores de rua e outras personalidades invisíveis de nosso cotidiano reviram vorazmente as lixeiras da vida em busca de sobrevivência. Não seria uma lixeira a esquina da prostituição? Não seria uma imunda e fétida lixeira um sinal repleto de crianças desamparadas vedendo bugigangas e perdendo suas infâncias? O lixo e tudo que lá está é desprezado, assim como todos que dali sobrevivem são despresíveis aos nossos olhos cegos.


Uma bela sugestão de filme é o documentário Estamira, conta a história de uma senhora que nasceu e se criou dentro de um lixão.

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